Denise Eloi, do Instituto Coalizão Saúde (ICOS), iniciou as aulas da manhã falando sobre modelos de pagamento baseados em valor e aplicação de resultados. Entre os objetivos do trabalho desenvolvido estão melhorar o estado da saúde da população, incrementar a satisfação dos usuários e assegurar a sustentabilidade financeira, tendo em mente também o envelhecimento da população e que o número de pessoas acima dos 60 anos tende a aumentar cada vez mais. (Até 2050 serão 2 bilhões acima dos 60 anos no mundo.)
Para a palestrante, estamos passando por um momento de disruptura e algumas inovações chegam para liberar o profissional a focar na sua missão de acolher e cuidar. Ela cita o princípio da meta Triple Aim, que tem o paciente como centro do sistema de três pilares: experiência, saúde e redução de custos.
Hoje a população tem outras necessidades de saúde e as regras de atendimento estão passando por mudanças, como tomada de decisões baseadas em evidências, cooperação entre clínicos e minimização do desperdício.
Avaliando os principais sistemas de referência, como o utilizado no Reino Unido, por exemplo, percebe-se que eles estimulam o foco no desfecho do tratamento de maneiras diferentes. A palestrante então lembra que o modelo de remuneração utilizado atualmente no Brasil foca na prescrição e traz os incentivos errados ao sistema, daí a necessidade de um modelo de saúde baseado em valor.
A definição de valor em saúde apresentada pela palestrante, que foi criada a partir de encontro com representantes de entidades ligadas à saúde é de que valor em saúde "é o EQUILÍBRIO entre a PERCEPÇÃO DO CUIDADO quanto à experiência assistencial; PREVENÇÃO e tratamentos apropriados que proporcionem desfechos clínicos de alta qualidade; e CUSTOS adequados em todos o ciclo de cuidados, permitindo a sustentabilidade do sistema de saúde."
Dando sequência às palestras, o médico Paulo do Bem, da Unimed Vitória, trouxe para debate o futuro dos planos de saúde a partir de um modelo integrado de atenção à saúde. Ele iniciou apresentando dados como a pirâmide demográfica e sua mudanças ao longo dos anos, a transição epidemiológica e o custo médio do plano de saúde em relação à folha de pagamento das empresas, que vem crescendo nos últimos 14 anos e tende a atingir 25,5% em 2034.
Em uma situação ideal, com base em uma população saudável e focando apenas na prevenção de doenças e no bem-estar, seria possível reduzir custos sem racionar a utilização do plano. Porém a realidade é diferente. "Mais de 85% das pessoas que vão para o pronto-socorro não precisariam estar lá, poderiam resolver seu problema na atenção primária", explicou.
O desperdício na saúde suplementar, apresentado pelo palestrante com base nos dados da Unimed Vitória, é alto em comparação ao sistema público e ele sugere um plano de cuidado personalizado. "Se conseguirmos uma boa coordenação de cuidado da saúde da população, podemos evitar o aumento exponencial da curva de necessidade desse cuidado pelo usuário. Atualmente a forma de cuidar é linear e não acompanha a necessidade", avaliou.
Focado na utilização da tecnologia aliada à atenção à saúde, o palestrante disse acreditar daqui para a frente em um triângulo de atuação, unindo o cuidado profissional, o autocuidado do paciente e a tecnologia.
Caio Seixas Soares, da Advance Medical, falou sobre segunda opinião médica, apresentou cases e também falou sobre o funcionamento da plataforma da consultoria. Ele destacou a importância da disponibilização de informações ao paciente, justificando que pacientes pouco informados tomam decisões de baixa efetividade e que acabam levando ao desperdício de tempo, saúde e dinheiro.
Com a palestra "Como podemos, na prática, com modelos empresariais atingir resultados de sucesso?" a médica Patricia Pena, da PASA VALE, falou sobre as alternativas de assistência médica no cenário desafiador em que a saúde suplementar se encontra, passando pelo modelo de atenção à saúde, pela evolução da gestão de saúde nas empresas e pela integração da saúde assistencial com a ocupacional.
Para ela, a garantia do acesso à saúde com qualidade e resolutividade, além de selar o compromisso do cuidado ativo genuíno, tem papel fundamental na manutenção da qualidade de vida e de um comportamento saudável na utilização da rede assistencial.
A palestrante apresentou o caso da Vale, que optou pela autogestão, e falou sobre o caminho da saúde passando pela medicina industrial, medicina ocupacional, saúde ocupacional - especialmente o absenteísmo e casos crônicos, "isso tem sim que fazer parte da minha rotina" - e também a saúde das empresas.
Fazer ser sustentável é um desafio constante e vale a máxima "cuidar para ter sempre". Nesse contexto, vale engajar as pessoas, cuidar e acolher, utilizar indicadores integrados e promover a cultura preventiva entre todos. "Acredito em quatro pilares que devem compor o mindset, que são gestão ocupacional, gestão do absenteísmo, promoção da saúde e gestão assistencial.
Apresentando dados, ela relatou que causas externas também são preocupantes na gestão da sinistralidade, como violência urbana e violência no trânsito. "Tudo isso tem impacto de custo e de qualidade de vida para o empregado", explicou. Na Vale, os afastamentos seguem a tendência mundial, sendo que as doenças mentais foram responsáveis por 50% dos afastamentos nos últimos três anos.
Por fim, destacou a importância de o empregado sentir a confiança necessária para buscar o atendimento e as ferramentas de acesso e promoção à saúde oferecidos pela empresa.
Dando início às palestras do período da tarde, Gustavo Clark, da JLT, discorreu sobre "como podemos, na prática, com modelos empresariais atingir resultados de sucesso?" do ponto de vista da consultoria de gestão em saúde ocupacional.
Entre as principais demandas dos clientes destacou redução de custo, informações em tempo real, programas de saúde, auditoria, segunda opinião médica, ações de qualidade de vida, profundidade das informações, ROI, entre outros.
O palestrante também falou da importância de simplificar os processos, como forma de facilitar e também agilizar o trabalho de quem atua diretamente com o plano de saúde dentro da empresa.
"Um trabalho que é importante é analisar os CIDs dos afastamentos e identificar as razões que levam a eles", avaliou. A comunicação interna também deve ser eficaz, especialmente quando existem filiais da empresa espalhadas em diversos locais e cidades.
Após apresentação de case, Gustavo Clark encerrou sua fala enfatizando que a consultoria precisar ser capaz de olhar o mundo do ponto de vista do cliente e do seu colaborador e conhecer profundamente o mercado para oferecer produtos e serviços totalmente personalizados. Também desenhar processos integrados e executar, buscando produtividade e prevenção em saúde.
Marcelo Ruiter apresentou a visão da empresa dentro do mesmo tema com um case da Suzano Papel e Celulose, quando falou sobre a gestão estratégica de saúde suplementar na empresa - como eliminar o desperdício, controlar a variação do custo médico-hospitalar e ampliar o atendimento. E deu três dicas para iniciar o processo: conhecer a realidade, priorizar com base de dados e desafiar o padrão.
Representando o SESI-SC, Marcelo Benedet Tournier iniciou sua palestra sobre Saúde na Era da Quarta Revolução Industrial relembrando as revoluções pelas quais o mundo já passou e seu impacto na sociedade. Então, seguiu apresentando ferramentas tecnológicas já utilizadas ao redor do mundo e como a tecnologia pode ser uma grande aliada para o futuro da assistência médica, por exemplo com a utilização de cirurgias robóticas. O consumo de saúde também mudou nessa nova era, daí a importância de identificar o que determina a saúde da população. Por fim, falou sobre a atuação do Sesi em projetos relacionados à saúde, como o de uma plataforma com novas ferramentas voltadas a questão de mudanças de comportamento, prevenção de doenças e telessaúde.